Mais de 90% dos animais da Amazônia já foram afetadas pelos incêndios
- capitaldaamazoniac
- 17 de set. de 2021
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Um estudo envolvendo pesquisadores de universidades e instituições dos Estados Unidos, Brasil e Holanda analisou dados sobre a distribuição do fogo na Amazônia entre 2001 e 2019 e concluiu que tanto o desmatamento quanto os incêndios fizeram com que a Amazônia brasileira perdesse cerca de 10 mil km2 de cobertura florestal por ano.
Entre as perdas e impactos causados avaliados, os estudiosos calculam que entre 93% a 95% de 14 mil espécies de animais e plantas já sofreram algum tipo de alteração, em menor ou maior grau, por conta dos incêndios.
O estudo foi publicado na revista Nature, sob o título “How deregulation, drought and increasing fire impact Amazonian biodiversity” (Como a desregulamentação, a seca e o aumento do fogo impactam a biodiversidade amazônica).
O índice revela um aumento alarmante se comparado aos registros da década passada, quando a redução anual da floresta chegava a 6.500 km², de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Os incêndios, que despertaram a atenção da mídia internacional, foram avaliados no Brasil por cientistas buscando entender as consequências disso para a fauna e flora, explicou o biólogo Mathias Pires, professor e pesquisador do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O grupo de estudo contou com a ajuda de imagens de satélite, sobrepondo as áreas afetadas pelos incêndios, entre 103.079 e 189.755 km² da Floresta Amazônica, com aquelas de ocorrência de 11.514 espécies de plantas e 3.079 de animais (apenas vertebrados, aves e mamíferos).
A surpresa foi descobrir que o habitat da maioria das espécies de plantas e animais já foi afetado por incêndios e que esse impacto continuou a aumentar ao longo do tempo, apesar dos melhores esforços de conservação, disse Brian Enquist, professor de Ecologia and Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona e autor sênior do artigo na revista.
MAIS AFETADOS
Algumas espécies tiveram mais de 60% do habitat queimado pelas chamas em algum período dessas últimas duas décadas. Entre esses, grupos raros e ameaçados de extinção com distribuição restrita na Amazônia, como o macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus), endêmico do Brasil, é considerado um dos mais afetados.
Na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) é considerado em perigo de extinção, ou seja, possui grande chance de desaparecer da vida selvagem.
No caso das plantas, que ao contrário dos animais não podem fugir das chamas, a situação é mais preocupante.
A espécie Allantoma kuhlmannii teve cerca de 35% de sua distribuição impactada pelo fogo. Como a vegetação da Amazônia está adaptada a ambientes fechados e solo úmido, quando ocorrem incêndios, dificilmente conseguem se recuperar.
O levantamento apontou ainda que a redução na fiscalização ambiental responde por esse quadro preocupante para a preservação da Amazônia.
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